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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Objeto








Não tenho muito a falar do texto, ele veio pra minha cabeças como forma de protesto. E pode acreditar ele fala bastante.




Em um quarto, sem luz, sem vida, com medo. O cabelo raspado e nos braços marcas de agulhas. Sinas de uma experiência em andamento. Um objeto de estudo. Eles procuravam um vírus, uma bactéria, uma deficiência ou anomalia. Vasculharam tudo, por dentro e por fora.
-Tem que existir algo, esse ser não é normal!
Eles argumentavam com um olhar perdido e com uma ira inflamável exprimida em cada palavra.
Chamaram os "santos". Podia ser  uma força espiritual que regia aquele pobre ser. Um demônio, uma legião que ocupava os espaços daquele corpo.
Os "santos" chegaram, entraram, parados olhavam. Com um olhar menos frio que o olhar dos cientistas, mas não tão caloroso ao ponto de lhe dar um abraço. Não podia correr o risco de se contaminar com alguma doença, ou tocar em um ser com demônios. Colocaram o objeto no centro do quarto, sem roupa alguma, com sua genitalia exposta, com sua dignidade nua.
Todos os "santos" ao seu redor, clamavam a um deus.
Um ritual começava, gritos, palmas, lágrimas e pulos. Não sabia ao certo porque as lágrimas, mas elas estavam ali o tempo todo nos olhos do objeto.
Em meio aos gritos podia ouvir claramente um santo gritar.
- Saia desse corpo e deixe esse pobre ser viver livre.
Ouvi pouco do ritual, pois os gritos eram constantes e altos.
Depois de três horas, tentando expulsar algo daquele corpo, os "santos" estavam cansado, afadigados. E resolveram sair do quarto 303 e tentar curar o objeto do quarto 304. E iriam continuar tentando em todos os quartos.
Quando os "santos" e os cientistas saiam entravam os familiares. A mãe desolada, com olhos fundos. Parecia que uma bigorna estava sobe sua cabeça.
O pai sem vaidade nenhuma, homem "Maxo", os traços do seu rosto todos desenhados para baixo.
Os dois olhavam e se perguntavam- Porque?
A mãe reuniu forças, engoliu uma tonelada de sal e disse, sem trepidar.
- Temos nojo de você sua aberração!
Os cientistas, "santos" e familiares não sabiam mais o que fazer. Então resolveram entregar a situação  as autoridades.
Foi quando entrou no quarto, dois homens fortes, cobertos de músculos, másculos. com cacetetes e armas de choque.
No quarto 906 podia ouvir claramente os gritos do quarto 303.
Com força e brutalidade eles tentavam fazer o objeto dizer algo. Colocaram sua genitalia em água quente e depois em um balde com gelo. Eles tentavam criar um tipo de trauma. A intenção era boa, era ajudar. E iriam tentar em todos os objetos.
Depois te tantas tentativas falhas em busca de transformar um ser pobre em humano, eles entenderam que não tinha mais nada a ser feito a não ser exterminar.
Em todos os países, capitais e até mesmo cidades pequenas, foram criados fornos gigantes do tamanho de ginásios. Essa era a única forma do planeta ser ver em segurança.
Nas entradas dos fornos, alguns se despediam do mundo que não soube lhe amar. Sem ninguém, sem familia, sem santos, sem cientistas e nem autoridades. Apenas todos os objetos.
Eles entravam sem roupas nem assessórios. Todos juntos em pé, formando intermináveis fileiras de pragas. Em uma hora determinada as portas iriam se fechar e as chamar começariam a consumir todos os pecados daqueles seres abomináveis.
Quando as chamas foram ligadas, eles começaram a se abraças, na tentativa de se proteger. Se abraçavam para se sentir aceitos, pelo menos naqueles minutos que lhes restavam.
De longe podia ouvir o som de sonhos vidas queimando, o cheiro de sonhos queimados, se transformando em cinza. No céu uma cortina de fumaça envolvia os céus. E o sol estava de luto.
Agora todos podiam respirar em paz, estavam livres daqueles monstros.
Quando parei em frente ao um desses ginásios, vi uma frase na cor preta.
- Em defesa da moral e dos bons constumes.
E em letras vermelhas de tamanho familia.
Base De Extermínio de homossexuais.



                                                              Elionardo Mesquita DuArte